segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Essa estranha gente de esquerda...




Estavamos eu, meu amigo Ricardo e nossa amiga Bárbara almoçando dia desses em um restaurante de Balneário Camboriú, quando prestei atenção ao modo com que algumas pessoas urtilizavam seus talheres de maneira elegante e coordenada com o garfo à mão esquerda.

Não entendo muito, ou melhor, nada de etiqueta e muito menos de como devo me comportar à mesa, mas uma coisa eu consegui perceber naquele instante: as pessoas que estavam comendo com o garfo na mão esquerda eram pessoas, digamos, diferenciadas ou ainda, nasceram em boas famílias que lhe deram uma educação preparada aos jantares elegantes aos quais estamos habituados nas novelas da televisão.

Não é de se estranhar que eu, nascido na capital paranaense, mas logo ainda pequenino migrei para o interior, para uma cidade de pouco mais de vinte mil habitantes, com poucos recursos financeiros que aos dez anos de idade conseguiu seu primeiro emprego ao trabalhar para sua mãe em um brechó de roupas usadas e sempre batalhando, mesmo por apenas o dinheiro para pagar um aparelho de som (como fiz por seis meses na adolescência) não teria muito contato com o glamour e os bons costumes à mesa.
Também não vou me diminuir dizendo que sou um troglodita ou coisa assim, mas não posso me assemelhar em muito a essa estranha gente de esquerda.

Nascidos em berço de ouro, não conhecem a dura lida do trabalho, a não ser que seus pais entendam a necessidade de ensinar a eles o valor de cada centavo recebido e de cada segundo de trabalho para consegui-lo. Não posso mesmo me assemelhar a eles, pois não tenho glamour suficiente para competir. Não posso ir a todas as baladas top no fim de semana, muito menos usar as roupas que mais tenho vontade de usar. As vezes é dificil conseguir manter o bom humor no fim do mês, quando o dinheiro já está no fim e pior, quando aquele gato te olha e você não pode convidá-lo para sair, pois teria de pagar um chopp...


Não estou generalizando e muito menos sendo racista com aqueles que tiveram essa sorte. Tenho alguns amigos que nunca tiveram dificuldades financeiras, mas que lutaram muito para conquistar seu espaço na sociedade com suas realidades diferentes. E nem por isso se tornaram omissos e muito menos arrogantes.

Tenho orgulho de ter vindo de onde vim, pois só assim reconheço o verdadeiro valor das coisas. E posso até aprender a comer com a mão esquerda, mas dificilmente essa estranha gente de esquerda aprenderá a ver a vida como eu a vejo...

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