
Olhando para o espelho, Ernesto vê sua face refletida nem mais e nem menos do que ela é, ainda que acredite piamente que aquele reflexo é o de sua face, mesmo que não a conheça de outra maneira a não ser por meio daquele pedaço de vidro espelhado.
O que vê são indagações e incertezas. Chegou até ali mas para onde mais vai conseguir ir?
Os traços no rosto refletem que o tempo foi passando impiedosamente e não tinha mais o reflexo de alguns anos atrás, conservava apenas detalhes únicos de sua fronte, herdados por seus ancestrais entre eles olhos azuis e uma boca carnuda que na adolescência lhe chateava devido a cor vermelha que contrastava com o branco pálido de seu rosto parecendo que constantemente usava batom, talvez o motivo por gostar de meninos no futuro. Talvez não!
Mas o tempo é cruel e isso não é regra. Com Ernesto foi sim maldoso, e a culpa foi sua. Alimentação errada, vida sedentária e constantes noitadas alucinantes ao som de músicas altas, com o gosto de cigarro e bebidas, nada muito forte, mas nada também fraco. Digamos uma vida bem vivida.
Eram essas festas que estavam em seus planos de sucesso ou foi apenas momentos de diversão enquanto se realizava o que pretendia? Digamos, para clarear as muitas idéias de um ser pensante e batalhador.
Cadê tuas idéias Ernesto? Cadê o homem que ia mudar o mundo com seus conceitos? Cadê esse homem que nasceu para ser diferente e acabou... igual a todo mundo?
Diante do espelho ninguém pode ocultar-se, não há como esconder e nem fantasiar. É o que é e pronto! Diante do espelho percebe-se o que todo mundo vê, o que todo mundo aceita como verdade absoluta.
Ernesto ainda analisa uma ruga próxima a seu olho e percebe alguns cravos e finalmente entende o que vê.
Ernesto, neste caminho onde foi que você se perdeu?
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